Racionamento de água atinge mais de 300 municípios do Nordeste

Foto: Ilustração/Google Imagens

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(fonte: G1)
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Em Santa Cruz do Capibaribe, a água cai da torneira só dois dias por mês. Mais de 800 municípios na região estão em situação de emergência. Mais de 300 cidades estão sofrendo com o racionamento de água no Nordeste. Em algumas delas, os moradores estão com as torneiras secas há mais de três anos. Na casa da dona Gilvaneide faz tempo que não sai água da torneira. “Faz quatro anos que eu não tomo banho de chuveiro e é coisa de luxo”, contou.
 
Desde 2014, os moradores de Puxinanã, a 30 km de Campina Grande, na Paraíba, convivem com o racionamento de água. Quase todo o dinheiro da aposentadoria de dona Severina Angelina da Conceição é usado para comprar água. “Em lugar de eu comprar um remédio fortificante para mim, ajudo a encher aqueles tonéis d’água. Quando é mais pouco é R$ 40, quando é mais é R$ 50, R$ 60 de água”, contou a agricultora.
 
Mais de 800 municípios estão em situação de emergência no Nordeste. Enfrentam racionamento d’água 303 municípios. Em Santa Cruz do Capibaribe, no agreste de Pernambuco, a água cai da torneira apenas dois dias por mês. Desde 2013, os moradores estão nessa situação. Muitos evitam desperdiçar qualquer gota d´água. “A gente procura sempre tomar banho aproveitando aquela água para dar descarga ou lavar uma calçada e roupa. A água da roupa também a gente gosta de aproveitar bastante”, disse o costureiro Laércio Júnior Batista.
 
No Ceará, são 30 cidades em racionamento. As que ficam na região de serra não têm reservatórios, dependem de poços que estão praticamente secos. É o caso de Mulungu. A companhia de água dividiu a cidade em duas e intercalou o abastecimento: durante três dias, a água chega para uma parte dos moradores e nos outros três ela cai na torneira dos moradores do outro lado. “Nós vamos perfurar mais poços até nós encontrarmos a vazão necessária para abastecer plenamente todos os moradores da cidade de Mulungu”, afirmou o diretor da Unidade de Negócios do Interior, Helder Cortês.
 
Mas, enquanto isso não acontece, um bairro que fica no alto não recebe água de jeito nenhum. A Regina passa o dia carregando baldes de um chafariz para casa. “Quando eu lavo muita roupa é cinco viagens daqui para ali”, conta. Com problema no coração, a Maria José Tavares não pode buscar água no chafariz. Improvisou um cano que chega até a casa dela. Sem poder contar com a água da torneira, a Maria José se vira como pode: colocou bem no meio da casa uma caixa de 500 L para acumular a água que chega do chafariz uma vez por semana. Do lado de fora, ainda mantém balde e bacia para captar um pouco da água da chuva para usar no banheiro.
 
Mesmo assim, o que ela consegue armazenar não é suficiente. “Essa água não vai dar para enxaguar a roupa. Olha só a quantidade que está. Se acabar eu vou ficar sem”, disse a dona de casa. Por causa da falta d´água, a Companhia de Abastecimento suspendeu a cobrança para os moradores do bairro. Mas, o que dona Maria quer mesmo é ter água de volta na torneira. “Eu queria água na minha torneira, mesmo que eu pagasse, pois sempre foi assim”, disse.
 
A Companhia de Abastecimento de Pernambuco disse que já terminou as obras da adutora de Pirangí, que abastece seis municípios do agreste, incluindo Santa Cruz do Capibaribe, e as bombas devem começar a funcionar esta semana. Sobre a situação de Puxinanã, a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba informou que o açude que abastece Campina Grande e 18 cidades da região está com apenas 3% da capacidade e que o racionamento só vai ser suspenso quando as águas do Rio São Francisco chegarem à barragem.

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