Empresariado acelera descaracterização da zona urbana de Surubim
CONJUNTURA POLÍTICA /// O mundo inteiro assistiu perplexo e estarrecido, nos últimos anos, milícias talibãs destruírem monumentos históricos milenares do Iraque. Sepultavam definitivamente, parte significativa da identidade do povo iraquiano, em nome de uma visão sectária que os sistemas teocráticos impõem aos habitantes onde se estabelecem. Buscaram chamar a atenção do mundo para as suas lutas, pouco lhes importando a preservação de legados culturais das gerações passadas.
Com as devidas proporções obedecidas, a população esclarecida de Surubim assistiu dentro do mesmo clima de perplexidade, nas últimas semanas, uma ação orquestrada, em série, de descaracterizações e até de demolições, de edifícios que de certa forma contavam a história da cidade. Essa apoplética reação partiu de um boato nascido após a iniciativa que se tomou de tombamento do prédio da Usina de Algodão, local emblemático na Praça Arlindo Gouveia e que se constitui num monumento preservado dos tempos áureos da cotonicultura em Surubim.
Dizia-se que pelo menos dez construções seriam tombadas na cidade e isso representava perdas consideráveis para os seus proprietários que ficariam impedidos de promover modificações, vendê-las, colocá-las abaixo, etc.
A reação em cadeia foi devidamente estimulada. Nascida em cabeças que vivem somente para acumular riqueza sem a menor preocupação social, cultural e mesmo esportiva, com a comunidade onde vivem. Alguns deles vivem de forma parasitária, apenas tirando sem dar nada em troca. Desse núcleo nasceu essa boataria que resultou em desfigurações do casario da cidade.
Desde a demolição da Matriz de São José, em nome do progresso e da modernidade até este momento de agressão à inteligência e à sensibilidade, não se tinha visto o obscurantismo manifestar-se de maneira tão evidente por estes lados.
Não pretendemos dar nomes aos bois, mas encaminhamos pedidos de providências ao Ministério Público e à municipalidade para que envidem esforços no sentido de resguardarem o patrimônio cultural do município, evitando dessa forma que outras vezes tenhamos que assistir espetáculos deprimentes dessa natureza.
Fundador e editor-chefe do Jornal Correio do Agreste, além de comentarista político, escritor, pecuarista e entusiasta cultural.