Assassinato de Remís pode ter sido premeditado

(fonte: Diário de Pernambuco)
 
O silêncio domina o Loteamento Nova Morada, na Caxangá, após o assassinato da estudante de pedagogia Remís Carla da Costa, 24. Porém, em meio ao clima de receio que se instalou na comunidade onde morava o namorado e assassino confesso da vítima, o pedreiro Paulo César Oliveira Silva, 25, alguns moradores afirmam que ele é amigo muito próximo do dono da casa na qual o corpo foi encontrado enterrado, na tarde do último sábado.
 
Caso a Polícia Civil confirme a participação de uma segunda pessoa no feminicídio e/ou ocultação de cadáver, a versão de Paulo César de que a morte de Remís foi motivada por uma briga por causa de um celular pode se tornar contraditória e levantar suspeita de um crime premeditado. O pedreiro disse que discutiu com Remís depois que ela pediu para ficar com o celular dele, porque ele quebrou o aparelho dela. A discussão teria evoluído para uma luta, culminando com a morte da estudante por asfixia através de esganadura.
 
No domingo, a PM recebeu denúncias de que o dono da casa onde o corpo foi encontrado, Arthur Henrique do Nascimento, 28, teria auxiliado Paulo César a cavar a cova para ocultar o cadáver. Ontem, o Diário esteve no loteamento e algumas pessoas afirmaram que, além de vizinhos, os dois são bastante amigos.
 
“Depois que Arthur voltou da delegacia, ele e a esposa arrumaram as malas e deixaram a casa onde moram, levando roupas e um botijão de gás”, informou uma moradora. No domingo, Arthur foi levado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa para prestar depoimento ao delegado Elder Tavares. Ele contou à polícia que no dia 17 de dezembro, quando Remís foi assassinada, ele havia brigado e batido na esposa. “Ela saiu de casa e eu fui atrás dela. Só voltei no dia seguinte. Não sei nem vi nada”, disse Arthur.
 
Em depoimento, Paulo César havia dito que foi buscar a namorada na UFPE na sexta-feira, dia 15, e os dois passaram o fim de semana juntos. Amigos de Remís, contudo, afirmam que ela só queria buscar os pertences dela que estavam na casa de Paulo. De acordo com a Polícia Civil, outras testemunhas foram escutadas no domingo, no DHPP, mas o conteúdo só será revelado “quando as informações estiverem consolidadas”.
 
Remís Carla, que já havia prestado queixa de agressão contra Paulo César, estava desaparecida desde o dia 17. O corpo da estudante só foi encontrado no dia 23 de dezembro, seis dias depois de ela ter sido morta, após a polícia receber uma denúncia anônima. “Em nenhum momento, Paulo demonstrou arrependimento e sempre se mostrou muito frio e tranquilo”, disse o delegado Elder Tavares. Neste ano já foram registrados 75 feminicídios em Pernambuco, segundo a Secretaria Estadual da Mulher. Houve 278 assassinatos de mulheres de modo geral, aumento de 10% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram computados 253.

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