Mãe reencontra filho depois de 30 anos

(fonte: Olhar Direto)

Desde a última segunda-feira, a vida da gaúcha Vera Lucia de Fraga, de 50 anos, não é mais a mesma. Há 30 anos a mulher procurava pelo filho mais velho, Carlos Mário Fraga Moreira, levado pelo pai para São Paulo quando tinha apenas três anos, após a separação do casal. Ontem, mãe e filho finalmente deram o abraço tão esperado, no Aeroporto de Belém Novo, no Rio Grande do Sul. O encontro foi registrado pelo Diário Gaúcho.

— Eu não desisti nunca. Achei que ia infartar. Fiquei toda gelada. Quando eu enxerguei ele, foi muito bom. Foi um alívio — contou Vera ao jornal EXTRA, muito emocionada.

Aos 16 anos, ela se casou com Luiz Castro e teve dois filhos, Marco Aurélio e Carlos Mário. Poucos anos depois, a jovem decidiu se separar, por causa do comportamento agressivo do marido. Quando foi morar com a mãe, Vera dividia a guarda dos dois meninos com Luiz: cada um ficava com as crianças por uma semana. Por algum tempo, o casal manteve o acordo, até que um dia o pai foi buscar os filhos e avisou à Vera que os levaria para visitar a família dele em Bagé, no Rio Grande do Sul. Foi a última vez que Vera viu Carlos.

Vera passou as últimas três décadas sem notícias do menino levado pelo pai após a separação do casal, em 1984. A agonia de sequer saber as feições de um dos quatro filhos terminou ontem, assim que Carlos desembarcou no Aeroporto Salgado Filho | Foto: Diego Vara

— Ele disse que ia passear com o Carlos em Bagé. Depois de uns dias, fui atrás e não achei mais. Minha cunhada disse que ele não tinha parecido lá, que era mentira. Ele tinha fugido com meu filho para São Paulo. Mas o que é da gente Deus não tira — conta Vera, que por anos teve apenas com uma fotografia do filho ainda bebê como lembrança.

O outro filho do casal, Marco Aurélio, foi deixado por Luís com outra família, no mesmo bairro onde vivia com Vera, Belém Novo, aos cuidados de uma mulher chamada Ema, que acabou ajudando na criação do menino. Vera conta que por causa de dificuldades financeiras, deixou o filho com os conhecidos e o visitava constantemente. Marco também sumiu das vistas da mãe depois que a família de Ema mudou-se do lugar sem dar aviso. Ela perdeu, então, dois filhos. Inconformada, se entregou ao vício e quase perdeu a própria vida.

— Depois que perdi meus filhos, me atirei na bebida alcóolica. Não largava. Bebia duas, três garrafas de cachaça por dia. A vida não tinha mais valor. Mas tive um patrão que me dizia para ter esperança, largar a bebida e dar a volta por cima. Então, resolvi fazer um tratamento para largar o vício e há 21 anos não tomo nada.

Mas Vera sofreu as consequências do sofrimento. A ex-catadora teve que largar o trabalho por conta de uma arritmia cardíaca desenvolvida por conta do consumo excessivo de bebida. Até hoje, a relação com Marco Aurélio é marcada por ressentimentos, já que o filho mais novo sente que ela o abandonou.

Primeiro encontro foi no Aeroporto Salgado Filho | Foto: Diego Vara

Busca nas redes sociais

Nesta quarta-feira, será a oportunidade de deixar as mágoas para trás. Carlos, Marco e Vera vão se encontrar pela primeira vez em décadas. Os irmãos já se falaram através da internet, mas ainda não se viram. Eles se encontraram no Orkut, depois que a mulher de Carlos resolveu ajudá-lo a achar a família. Morando sozinho em São Paulo desde os 18 anos, quando perdeu o pai, ele teve ajuda da companheira para procurar Marco nas redes sociais.

Desde então, eles começaram a buscar a mãe e chegaram ao perfil no Facebook de Dionata, filho que Vera teve em outros relacionamento. Emocionado, Carlos vai ficar no Sul até segunda-feira e já faz planos de apresentar a esposa e a filha de quatro anos à recém-encontrada mãe.

— Amanhã vou encontrar com meu irmão e com a minha mãe. Estou ansioso. Finalmente, vou conhecer ele também. Ganhei uma família enorme! Uma mãe, dois irmãos, tio, tia, primos. É uma alegria! — comemorou Carlos, que trabalha em São Paulo como ajudante-geral.

— Desde pequeno, perguntava para o meu pai sobre a minha mãe, mas ele nunca falava. Desconversava sobre o assunto. Eu sabia que ela morava no Sul, mas não tinha como procurar. A primeira pista foi o meu irmão, que achamos no Orkut. Apesar de ter achado o Marco há três anos, só agora eu tive condições de vir (ao Rio Grande do Sul), por conta da situação financeira. Agora, vamos manter bastante contato. Vou fazer o que puder para ajudar ela. Sonhei muito com este momento.

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