Marília Arraes desafia cúpula do seu partido e luta para se candidatar em Pernambuco

A vereadora Marília Arraes tenta, em Pernambuco, repetir o feito da colega cearense Luizianne Lins. Em 2004, Lins, hoje deputada federal, enfrentou uma decisão do comando nacional do PT, a favor de uma aliança com Inácio Arruda, do PCdoB, emplacou sua candidatura e tornou-se prefeita de Fortaleza, à revelia da vontade da cúpula da legenda.
 
A direção nacional petista prometeu retirar Marília Arraes da disputa ao governo de Pernambuco em troca de um acordo com o PSB que incluiria a neutralidade dos pessebistas na eleição presidencial e o apoio petista a candidatos socialistas em Amazonas, Amapá, Paraíba e no estado da neta de Miguel Arraes.
 
“Não adianta tentar unir a esquerda por meio de chantagem, como o PSB está fazendo”, afirmou Marília Arraes, antes da reunião do PT pernambucano que irá decidir nesta quinta-feira 2 se o diretório estadual e a militância acatam ou não a determinação da cúpula partidária.
 
Bastante aplaudida por parte dos delegados do partido, a vereadora discursou no início do congresso: “O que está em jogo agora não é simplesmente uma candidatura ou um apoio, mas o posicionamento de um campo político em um dos momentos mais complicados da histórica recente da política brasileira. Não se aceita mais acordos de gabinete”.
 
O apoio do PT ao governador pernambucano, Paulo Câmara, candidato à reeleição, é uma das exigência do PSB para não se coligar a Ciro Gomes na disputa pela presidência da República. As pesquisas locais indicam uma boa chance de Marília Arraes vencer as eleições estaduais, o que preocupa Câmara e a família do falecido Eduardo Campos, padrinho político do governador.
 
A petista explorou o temor dos adversários na convenção: “Estamos aqui para escolher como serão os próximos quatro anos de Pernambuco. Toda essa reação dos nossos adversários mostra que, com uma candidatura do PT, ganhamos a eleição”.
 
Marília rompeu com o primo Eduardo Campos em 2014, quando este se lançou candidato à presidência da República, antes da trágica morte em um acidente de avião. Desde então, a vereadora se tornou um expoente do PT no estado e faz uma clara oposição a Câmara, apoiado pela mulher, os filhos e irmãos de Campos.
 
O acerto também interessa ao governador petista de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Em troca dos apoios nos quatros estados, o PSB abriria mão da candidatura de Márcio Lacerda em Minas e aumentaria as chances de reeleição do petista. Pimentel e sua equipe de campanha apostam em um espécie de plebiscito entre ele e Antônio Anastasia, afilhado do queimadíssimo senador Aécio Neves, réu na Operação Lava Jato.
 
Parênteses: nesta quinta-feira 2, como era esperado, Aécio anunciou por meio de nota a intenção de disputar uma vaga a deputado federal e não mais a reeleição ao Senado. Seria uma forma de diminuir o peso de sua presença na campanha de Anastasia.
 
Lacerda, próximo a Ciro Gomes, também mostra sinais de rebeldia. O ex-prefeito de Belo Horizonte afirmou não ter sido comunicado da decisão da direção nacional do PSB e manteve sua candidatura para o congresso estadual da legenda no sábado 4.
 
(fonte: Carta Capital)

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