Brasil: Ordem, Progresso e Rivotril
Você certamente já ouviu falar do Rivotril. Muito provavelmente, alguma vez na vida, seu médico indicou o bendito medicamento para suas queixas de noite mal dormida, estresse, agitação e ansiedade. Aliás, muita gente acha que o famoso e tão requisitado benzodiazepínico deveria ser batizado de “remedinho da paz”.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país que mais consome Rivotril; o mesmo, inclusive, é o segundo medicamento mais usado no país, estando à frente do Buscopan, Captopril e dos Diclofenacos (Sódico e Potássico), por exemplo. Porém, qual a mágica do tarja preta, afinal?
O Rivotril, resumidamente falando, atua inibindo os desordenados impulsos do Sistema Nervoso Central propiciando ao usuário relaxamento absoluto. É indicado para casos de ansiedade, nervosismo, tensões musculares e distúrbios do sono. Sua apresentação farmacêutica é na forma de comprimidos e gotas.
No mercado, é um dos calmantes com menor preço, custando no máximo R$14,00 uma caixa com 30 comprimidos de 2mg. Entretanto, não é só por este fator que faz do Rivotril o ansiolítico mais usado: o tempo que o organismo leva para eliminar 50% da droga é bem reduzido, o que propicia melhor uso – principalmente em idosos – diferente dos outros medicamentos da classe.
Uso indiscriminado
Ainda que seja um medicamento tarja preta, ou seja, só pode ser vendido com a apresentação de prescrição médica legal, o giro da medicação na sociedade tem sido bastante elevado. Está cada vez mais comum a comercialização pela internet, através de receita com nomes de outros pacientes e, principalmente, na barganha do comércio – sempre há aquele vendedor conhecido que não respeita a ética, não visa o bem estar do cliente, mas sim o lucro.
Tornou-se cada vez mais comum o emprego do Rivotril em quaisquer queixas sem uma sucinta avaliação do médico. Através do relato do paciente numa primeira consulta médica, já é praticamente necessário sair da mesma com a prescrição na mão. E muita das vezes, não há indicação para isso.
Levando em conta a faixa etária, a que mais é submetida ao uso é a terceira idade. Para idosos com problemas de ingestão e deglutição, o Rivotril gotas é bastante atuante. Quanto à dependência, esta é relativa e vai de organismo para organismo. Há relatos de paciente que se tornou dependente fazendo uso por apenas 30 dias. Em contrapartida, tem paciente que faz uso contínuo e abusivo por mais de 10 anos e não é dependente.
Outras indicações
Fora da clínica psiquiátrica, o Rivotril é um ótimo coadjuvante no tratamento da enxaqueca, crise convulsiva, em formas graves da depressão (associado a antidepressivos de primeira escolha) e rigidez motora após acidente vascular cerebral. Há relatos de uso em pico hipertensivo também.
Ainda assim, o Rivotril, quando empregado de maneira correta, é um medicamento bastante eficaz. O problema consiste no uso indiscriminado. Contudo, a prescrição deste medicamento é sempre de acordo com sua indicação clínica. Isso depende única e exclusivamente de seu médico. E a melhor forma para não se tornar refém desta medicação, é saber lidar e controlar a ansiedade e o estresse através de maneiras extrínsecas.