Serra Negra é destino para quem curte de descanso a aventura

(fonte: Diário de Pernambuco)

VIAGEM /// A 107 km do Recife, o município de Bezerros esconde uma serra especial. Escondia. Aos poucos, o distrito de Serra Negra vem se destacando como destino turístico para quem curte pegar a estrada interior adentro. No Agreste de Pernambuco, o brejo de altitude em transição, como é tecnicamente chamado, tem temperatura amena, trilhas de aventura e costumes do interior, entre seus atrativos. No inverno pernambucano, do início de junho ao fim de agosto, o termômetro pode chegar a marcar 8 ºC.

Durante o dia, o visitante tem três trilhas de aventura e alguns mirantes à disposição. À noite, é a hora de passar um café, experimentar um cuscuz ao leite de coco, chamar um sanfoneiro à roda. É o melhor do interior, com vista para as luzes de Gravatá, a 24 km, e de Caruaru, a 29 km. Em relação ao nível do mar, a altitude de Serra Negra vai de 810 a 1.004 metros, a depender do mirante em que se esteja. O Polo Cultural talvez tenha o melhor deles.

Distrito de Bezerros, Serra Negra é destino para quem curte de descanso a aventura. Foto: Blenda Souto Maior/DP/DA Press

Distrito de Bezerros, Serra Negra é destino para quem curte de descanso a aventura. Foto: Blenda Souto Maior/DP/DA Press

Inaugurado em 2002 pelo cantor Gilberto Gil, o Anfiteatro é a principal atração deste polo. Desde então, é sede das festividades de Serra Negra: carnaval, Semana Santa, São João e um Natal Armorial, este organizado pela empresa Cloosterman. Todas as outras, sob responsabilidade do governo municipal. Ao lado do Anfiteatro, há duas atrações. Uma loja de artesanato reúne o trabalho de mais de 120 artesãos. Todos naturais de Bezerros. “É uma forma de incentivarmos o artesanato local. Eles se sentem prestigiados, acabam produzindo mais”, explica Graciete da Silva, vendedora.

O artefato mais procurado é a máscara de papangu, símbolo do carnaval. Modeladas com papel machê, seus preços variam de R$ 10 a R$ 50. Funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 17h. Antes ou depois de visitar a loja, vale uma parada no Mirante Serra Negra Bar e Restaurante (F.: (81) 3708-3018), aberto de quinta-feira a domingo, a partir das 9h. “Temos o melhor da cozinha regional”, garante Manoel Aleixo, administrador. Comece no caldinho de feijão (R$ 3), passe para o bode assado (R$ 54,90, para duas pessoas) e termine no doce de leite (R$ 3). Quando for recomeçar, será preciso fôlego.

Com ou sem emoção?

Em Serra Negra, o turismo pode ser de aventura. Para as caminhadas, repelente, protetor solar, tênis adequado e calça comprida. Para os trajetos motorizados, o veículo precisa aguentar o tranco. A depender da trilha, só uma 4×4 cumpre o desafio. Para evitar contratempos, a Laurentur Receptivo (F.: (81) 3728-0893) pode ser uma alternativa. Há 12 anos no mercado, a empresa de Irandir Laurentino catalogou três trilhas para os aventureiros. “Pode ser com ou sem emoção, o cliente escolhe”, brinca. Os níveis de dificuldade variam. Aos iniciantes, é recomendada a trilha do Parque Ecológico.

A caminhada é plana, em círculo e se estende por mil metros. Pelo caminho, de tudo um pouco. O Pau Santo Casamenteiro é uma árvore que exige três voltas em torno de si, mais um beijo no tronco, se o turista anda querendo casar. O Mirante da Escada é autoexplicativo: a vista só é alcançada por uma escada de acesso, apoiada em uma rocha. A Porta do Vento serve para refrescar. Trata-se de uma fresta formada a partir da sobreposição de duas rochas. O vento canalizado é mais do que bem-vindo. “Estamos hospedados em Gravatá e viemos passar o dia em Serra Negra. Só por essa trilha, já valeu a pena”, comenta José Arruda, engenheiro, ao lado da namorada, Elisa Leite, estudante de odontologia, ambos de Olinda.

Bode assado do Mirante Serra Negra Bar e Restaurante serve duas pessoas. Foto: Blenda Souto Maior/DP/DA Press

Bode assado do Mirante Serra Negra Bar e Restaurante serve duas pessoas. Foto: Blenda Souto Maior/DP/DA Press

Se quiser aumentar o nível de dificuldade, parta para as trilhas da Mata Vertentes e da Caverna do Deda. O acesso a essas duas é sinuoso. Até a Mata Vertentes, são 3,5 km de uma estrada irregular. A trilha em si cobre 1,2 km de caminhada. É o habitat de 21 espécies de orquídeas, incluindo a cattleya labiata, a orquídea roxa, menina dos olhos da serra. A Caverna do Deda segue a mesma lógica. Acesso sinuoso, estrada irregular. São 4 km, desde o Anfiteatro. Depois, 500 metros de caminhada até o Mirante da Caverna, e mais 500 metros até a sua entrada.

A caverna possui um metro de diâmetro, sete metros de altura, cinco metros de largura e 25 metros de comprimento. Uma curiosidade: o tal Deda da caverna era avô de Irandir, o guia. Falecido em 1996, Severino Estelito Laurentino teve 23 filhos e uma porção de hectares na região. A caverna, na verdade, uma gruta, já que possui saída, ficou como herança aos visitantes de Serra Negra.

Reunindo um grupo de 30 interessados, a primeira trilha custa R$ 60 por pessoa. Já com as taxas e o almoço incluídos. É a mais procurada, por ser a mais acessível. Se preferir alugar um jeep, é possível fazer duas trilhas no mesmo dia. O aluguel dura cinco horas e sai a R$ 350, dividido por até dez tripulantes. Ainda devendo em infraestrutura, essas trilhas são mais bem exploradas com a ajuda de um profissional.

A sinalização precária e a ausência de pontos de informação não ajudam. A expectativa é de que o crédito do Programa de Desenvolvimento de Turismo do Nordeste (Prodetur/NE) sane essas deficiências.”Esperamos sinalizar toda a região de Bezerros e Serra Negra ainda este ano”, promete Breno Borba, secretário municipal de Turismo. A instalação de um teleférico também está nos planos para 2015.

Turistas normalmente escolhem a trilha do Parque Ecológico, considerada a mais leve. Foto: Blenda Souto Maior/DP/DA Press

Turistas normalmente escolhem a trilha do Parque Ecológico, considerada a mais leve. Foto: Blenda Souto Maior/DP/DA Press

Quando o sol se põe

Desde o início deste semestre, a Pontual Receptivo (F.: (81) 3339-5563) oferece um pôr-do-sol diferente ao turista. Saindo do Recife, o passeio diurno contempla Caruaru, da feira emblemática ao Alto do Moura, mas a despedida se dá em Serra Negra. Por volta das 17h, um trio de forró pé-de-serra embala a descida do sol no horizonte. No repertório, de Luiz Gonzaga a Mastruz com Leite. Quando a noite cai, o público tem direito a um jantar regional no Mirante Serra Negra Bar e Restaurante. Máscaras de papangu são distribuídas para incrementar o passeio.

O pacote completo sai a R$ 165. Se quiser esticar, a Bodega de Véio está às ordens. Tradicional na Cidade Alta de Olinda, a sede agrestina abriu em junho de 2012. O esquema é similar. O armazém vende cervejas long neck variadas (Budweiser, Heineken e Stella Artois a R$ 6; Skol, a R$ 4), além da Original 600 ml (R$ 10). Para acompanhar, o clássico sanduíche de mortadela por R$ 7. Telefone para contato? “Tem que vir conhecer, não temos telefone”, convida André Cabral, o Dedé, no balcão da bodega.

Principal hospedagem de Serra Negra, a Pousada Canto da Serra (F.: (81) 3708-3070) funciona também como restaurante para passantes. O sistema é buffet: R$ 25 no café da manhã, das 7h às 10h, e R$ 30 no almoço, das 12h às 14h, ou no jantar, das 18h30 às 20h. Com a neblina lá fora, invista no fondue de queijo. R$ 60, para o casal.

Vinhos brasileiros, chilenos, portugueses e franceses preenchem a carta, com rótulos a partir de R$ 25. Se der preguiça de voltar para casa, a Canto da Serra tem sete apartamentos e 12 chalés. Diárias em quarto duplo começando em R$ 360. Além dela, a secretaria de Turismo indica outras opções de hospedagem. Se a ideia é um fim de semana em família, considere a Pousada Santa Fé (F.: (81) 3341-1400); se quiser acampar, entre em contato com o Sítio da Pedra Solta (F.: (81) 8856-9620); se a estada for mais tradicional, procure o Hotel Brisa da Serra (F.: (81) 3728-1232).

Notícias Recentes