Xi Jinping diz a Lula que China e Brasil podem ser exemplo de “autossuficiência” para o Sul Global

Os dois líderes conversaram por telefone, e COP30 e guerra da Ucrânia também foram abordados.
O presidente da China, Xi Jinping, disse nesta terça-feira, em uma ligação telefônica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ambos os países podem servir de exemplo de “autossuficiência” no Sul Global, em um momento de desafios comerciais e geopolíticos, informou a imprensa estatal do gigante asiático.
Xi afirmou que a China “trabalhará com o Brasil para dar exemplo de unidade e autossuficiência entre os principais países do Sul Global” e para “construir conjuntamente um mundo mais justo e um planeta mais sustentável”, segundo a agência pública de notícias Xinhua. Xi acrescentou que as relações entre China e Brasil estão em seu melhor momento.
Nos últimos meses, os dois presidentes tentaram apresentar seus países como defensores veementes do sistema comercial multilateral, em contraste com a ofensiva tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No fim do mês passado, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, afirmou, em entrevista coletiva em Pequim, que a China estaria disposto a trabalhar com o Brasil para defender a equidade frente aos Estados Unidos.
No dia em que entrou o tarifaço de Trump, o governo chinês saiu em defesa do Brasil. Em conversa telefônica com o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, o chanceler da China, Wang Yi, disse que seu país se opõe à “interferência externa irracional”, segundo uma nota do Ministério das Relações Exteriores da China.
A ligação de Xi para o presidente brasileiro aconteceu poucas horas após Trump anunciar mais uma prorrogação de 90 dias para a trégua tarifária que mantém com Pequim. Também aconteceu após Lula informar na semana passada que pretendia conversar com os líderes da Índia e da China para estudar uma resposta coordenada às tarifas americanas.
Xi destacou ainda que “todos os países devem se unir e opor-se de maneira firme ao unilateralismo e ao protecionismo”, acrescentou a Xinhua, em uma referência velada às tarifas americanas.
Defesa do multilateralismo
A presidência brasileira informou em um comunicado que a conversa telefônica durou aproximadamente uma hora, durante a qual Lula e Xi discutiram vários temas, como a guerra na Ucrânia e a luta contra a mudança climática.
“Ambos concordaram sobre o papel do G20 e do Brics na defesa do multilateralismo”, acrescenta a nota, que prossegue:
“O presidente Lula reiterou a importância que a China terá para o sucesso da COP 30 e no combate à mudança do clima. O presidente Xi indicou que a China estará representada em Belém por delegação de alto nível e que vai trabalhar com o Brasil para o êxito da conferência”.
Os presidentes também “comprometeram-se a ampliar o escopo da cooperação para setores como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites”, destaca o comunicado divulgado pelo governo brasileiro. Lula e Xi também manifestaram disposição em “identificar novas oportunidades de negócios entre as duas economias”.
Pequim trabalhou nos últimos anos para ampliar sua influência na América Latina como forma de contrabalançar Washington, historicamente a potência mais influente da região.
A China superou os Estados Unidos como principal parceiro comercial do Brasil e dois terços dos países latino-americanos aderiram ao megaprojeto de infraestrutura chinês da Nova Rota da Seda (oficialmente Cinturão e Rota).
O Brasil exporta grande quantidade de soja para a China, que, como principal consumidor mundial do produto, depende em grande parte das importações para seu abastecimento. Trump, no entanto, pretende fomentar uma mudança na forma como a China consegue adquirir o grão, utilizado para a alimentação de gado e a produção de óleo de cozinha.
O presidente americano afirmou no domingo, em uma publicação nas redes sociais, esperar que a China “quadruplique rapidamente seus pedidos de soja”. Ele acrescentou que esta seria uma forma de equilibrar o comércio com os Estados Unidos.
Lula fez uma visita de Estado de cinco dias à China em maio, durante a qual declarou em um fórum de cooperação entre Pequim e a América Latina que a região não queria “iniciar uma nova Guerra Fria”.
(Fonte: O Globo)
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