Ouviu falar em crise?
Falar em crise é lidar com rupturas, decisões, mudança, reestruturação, mas talvez seja tratar, principalmente, sobre a existência humana. Visto que a crise constitui o processo do viver e se faz presente nas diferentes formas de viver a vida. As situações desta sentença existem constantemente porque são fenômenos essencialmente relacionais. Qual família, casal ou grupo de amigos não vivencia conflitos? Seja por não haver consenso entre um sujeito e outro, seja até por haver conflitos consigo mesmo.
Mas, quando as pessoas chegam a uma situação limite, como identificar e acolher a crise? É de suma importância lembrar que ela não deve ser compreendida como uma condição unicamente pessoal, localizada no interior da pessoa que a manifesta, e sim que é produzida nas relações e contextos da vida dessa pessoa.
É fundamental a compreensão da crise como um fenômeno constituído entre os sujeitos, costumeiramente em cenários de conflitos exacerbados, ruptura de vínculos, banalização dos modos de se relacionar e se comunicar em coletividade. Geralmente tais situações podem gerar ações e expressões de agressividade, histeria, desespero, fuga. O que configura o estado de sofrimento que tal sujeito se encontra.
O que fica de alerta em qualquer situação de crise é a distinção entre a identidade e a atitude da pessoa. Pois, uma atitude supostamente agressiva, por exemplo, não coloca necessariamente o autor como agressivo em seu conjunto de relações. Deve-se buscar compreender motivações, tensões e condições nas quais a ação daquela pessoa se desenvolveu, contextualizando aquele comportamento. Não apenas interpretar como manifestação natural da crise e que por si só vai passar, nem dar um significado único segundo seus conceitos. Portanto, você procura saber e compreender o outro, entender suas inquietações e angústias, acolher sem rotular e apresentar-se como colaborador disposto a ouvir, estar junto, ou até acompanhá-lo à procura de ajuda profissional se for do desejo.
Por fim, cabe ainda colocar que cada pessoa possui singularidades, limites, capacidade de tolerância, poder de resiliência e interesses. Logo, é um ser em potencial para lidar com conflitos, perdas, estresses, mudanças… Em meio a todas essas vivências está sujeito a crises, surtos, adoecimentos. Como também pode manter-se em equilíbrio com a realidade segundo padrões concebíveis. Contudo, como padrões podem ser concebidos em uma sociedade de crises e em crise? Pois bem, nos debrucemos sobre a existência e relações humanas!
Difícil se descrever em poucos caracteres, mas, possível dizer que me formei em Terapia Ocupacional pela UFPE, fiz residência em Saúde Mental pela UPE e componho o Núcleo de Luta Antimanicomial de Pernambuco – Libertando Subjetividades – porque acredito nos passarinhos e não nas gaiolas!