Eduardo Campos e Walter Borges, uma amizade verdadeira
(fonte: Diário de Pernambuco/Blog Mais Casinhas)
“Foi a única vez na história desse estado que um governador saiu do Palácio, com todo o seu aparato, para vir a um batizado no interior, e principalmente organizado por um peão, um matuto”. A história contada com um misto de saudosismo e bom humor por Walter Borges, 44, funcionário da Prefeitura de Casinhas, no Agreste, e ex-vereador do município, é a lembrança de uma amizade improvável, surgida durante as andanças do ex-governador Eduardo Campos pelo interior durante sua trajetória política.
Em 03 de julho de 2011, Eduardo Campos deixou de comparecer às homenagens ao ex-presidente Itamar Franco, que morrera um dia antes, vítima de leucemia, para ir de helicóptero até o Agreste. O motivo era nobre. Havia prometido meses antes comparecer ao batizado da pequena Joana Sofia, hoje com três anos, filha de Walter. “O Palácio só veio informar que ele vinha faltando meia hora. Durante a semana eu endoidei. Mandaram uma equipe de policiais aqui, olharam o campo de futebol onde o helicóptero ia pousar, mas não diziam se ele vinha”, relembra Walter.
Antes de chegar a esse nível de intimidade com o ex-governador, Walter conta que se aproximou da família por intermédio do avô de Eduardo, o ex-governador Miguel Arraes. “Conheci doutor Arraes durante a campanha para o governo em 1986. O pai de Danilo Cabral (secretário de Planejamento) que é daqui de Surubim (município limítrofe a Casinhas) sempre me levava para os comícios. Eduardo era muito novo, ma sempre estava lá. Quando Eduardo foi candidato a deputado federal, eu ia a todos os eventos na região, e isso acabou nos aproximando”, revela.
Foi justamente durante essas passagens que a amizade se consolidou. No dia da festa para a pequena Joana Sofia, Walter não sabia se Eduardo atenderia seu convite. “Nunca imaginei receber o governador na minha casa. No domingo, no entanto por volta das 12h30, o telefone tocou. Era ele, junto com Danilo Cabral, dizendo: ‘Olha, a gente está indo comer a galinha na tua casa agora’. Chegaram às 12h50, saíram às 17h. Passaram a tarde aqui, acompanharam o batismo na igreja, almoçaram na minha casa. Foi uma tarde onde demos muitas risadas e ele atendeu todo mundo por aqui”.
Com o tempo, Walter passou a ser uma espécie de membro da família. “Sempre que vinha aqui na região, ligava para mim e dizia: ‘Olha, safado, a gente está indo fazer comício em Caruaru, Santa Maria, você vai?’. Eu sempre dizia: ‘Claro, estou dentro’. Pegava o carro e me mandava. Além deles, tenho uma amizade muito grande com dona Ana (Arraes, mãe de Eduardo) e com Ariano Suassuna, que também virou meu amigo pessoal”, conta Walter. Ele, que foi vereador de Casinhas pelo PSD, conta uma passagem engraçada com o ex-governador. “Quando mudei de partido por desavenças municipais, Eduardo me chamou no canto e disse: ‘Walter, quem vai resolver o seu problema não sou eu, não é minha mãe. Quem vai resolver seu problema é Ariano Suassuna. Vou dizer a ele que você vai votar contra a gente, safado”, recorda aos risos.
O humor de Walter só mudou um pouco quando relembra o fatídico dia 13 de agosto de de 2014, data em que o socialista morreu. “Pegou todo mundo de surpresa. Muitos aqui no interior ainda acham que Eduardo não morreu. Acham que é conversa. Porque é o seguinte: como ele era novo, ainda não tinha chegado a ser um mito como o avô. Mas se Eduardo chegasse à idade dele, seria como um Frei Damião ou um Padre Cícero. Para a gente, a ficha ainda não caiu. Ele convive com a gente com aquele jeito dele. Isso tudo é quase como uma ficção”, sentencia.
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