“Garapa” retrata a fome no Nordeste
A notícia foi publicada originalmente em 2012. Mas o documentário abrange a fome e a seca no Nordeste, portanto, é sempre pertinente; engloba o (nosso) povo desprovido de muitos benefícios mínimos. Vale conferir a matéria e principalmente o vídeo na íntegra, que retrata uma realidade provavelmente bem distinta da sua (leitor).
Texto: G1 ///
Durante quatro semanas, o diretor e sua pequena equipe registraram o cotidiano das famílias e especialmente de suas crianças q. A garapa, uma mistura de água com açúcar, é aquecida e dada como alimento, muitas vezes o único, durante dias de inanição e seca.
Enganar o estômago e dar energias aos que estão em fase de desenvolvimento, reflete a aspereza com que Padilha enfrenta a realidade cruel com sua câmera. Em entrevista concedida na época do Festival de Berlim, ele disse que “Garapa” se tratava do retrato da fome sem ‘filtro intelectual’. “A questão é que isso não resolve o problema. Essas crianças crescem sem condições de aprender ou disputar espaço no mercado de trabalho”, assinalou.
O programa do governo Federal de erradicação da miséria, o Fome Zero também tem espaço no filme. Apenas uma das famílias entrevistadas recebem o benefício, cerca de 50 reais por mês. A voz de Padilha surge em off para questionar como é usado o recurso ínfimo. A verdade é que “Garapa” é uma das produções mais violentas e incômodas que o cinema brasileiro já produziu – isso sem derramar uma gota de sangue.
A miséria retratada no filme é a mesma que atinge mais de 10 milhões de brasileiros, de acordo com as estatísticas e estudos do Governo Federal. E Padilha buscou alinhavar realidades ao fazer um retrato simples, com o mínimo de alegorias e informações que fossem além da história das famílias. Em meio a mais de 45 horas de material filmado, ele entregou um documentário que precisa ser visto e pensado pelos que almejam um país menos desigual.
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