Aos 53 anos, atirador supera perda da mãe e vai disputar primeira Olimpíada
(fonte: G1)
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Quando falamos de Jogos Olímpicos é normal que se pense em esportistas jovens no auge da forma física. Na maior parte dos esportes, esse é o atleta padrão que consegue se classificar para a maioria das competições. Entretanto, o tiro esportivo é mais democrático. Ou você já imaginou alguém de 53 anos próximo de disputar a sua primeira Olimpíada? Este é o caso do brasileiro Renato Portella, segundo mais velho da delegação brasileira na Rio 2016, atrás apenas de Janice Teixeira que, não por acaso, também compete no tiro. Renato foi beneficiado pelo fato de o Brasil ser o país-sede e conseguiu a vaga na categoria skeet. E faz questão de afastar o rótulo de “velho”. Como ele diz, é apenas experiente e sonha poder ver o que não viu nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007: as arquibancadas lotadas.
– É a minha primeira Olimpíada. Essa é a maravilha do tiro esportivo. Todo mundo fala em Olimpíada e já pensa em garotão, jovem, mas o tiro esportivo permite a longevidade. E no tiro a experiência vale muito também. A gente não é velho, é experiente (risos). Foi uma conquista. O Brasil teve a vaga por ser o país-sede, então a gente participou de uma seletiva com os atletas que lideravam o ranking. Conquistei a vaga e, quando vi que pelos resultados meus e dos outros a vaga seria minha, foi uma sensação de muito alívio, uma realização, uma conquista. É muito interessante isso. Agora falta encherem as arquibancadas, o que não aconteceu no Pan. Atirei lá, me considero abençoado por ter atirado no Pan do Brasil e agora poder atirar na Olimpíada do Brasil. Não sei quando os brasileiros verão isso novamente. No Pan não pôde entrar o pessoal, não tinha espectadores. Desta vez minha família vem, amigos, então quero fazer essa confraternização com todo mundo – comemorou
A trajetória até a Olimpíada Rio 2016 foi repleta de percalços. Para começar, não foi fácil ter que conciliar os treinos de tiro com a administração de um posto de gasolina e a criação de gado em sua fazendo em Luziânia (GO). Apenas a partir de dezembro do ano passado conseguiu importar por conta própria máquinas que disparam pratos, como as utilizadas nos Jogos Olímpicos, para poder treinar em sua fazenda, enquanto sua esposa Fabíola administra o posto com a sogra de Renato. Mas a dificuldade para treinar passou longe de ser o maior dos problemas.
Renato chegou ao Rio de Janeiro em um domingo de abril para a disputa do evento-teste de tiro esportivo. A competição começaria na quinta-feira. Na terça-feira, soube que a mãe estava com pneumonia e foi até Brasília para visitá-la. O quadro se agravou, ela foi para a Unidade de Terapia Intensiva e não resistiu, acabando vítima de um mal súbito. Não dava mais para voltar e competir com tamanha dor. Cerca de quatro meses depois, Renato Portella agora vai disputar o evento mais importante de sua carreira. A perda foi superada. A saudade ainda não e talvez nunca seja. Evangélico, ele prefere se definir como “crente” e, através da religião, se viu capaz de seguir adiante.
– Dedicarei (meu resultado) a ela, meu pai e os que se foram. De 2010 para cá perdi muita gente que foi marcante na minha vida. Pessoas muito importantes, inclusive minha mãe, meu pai, minha madrinha e minha avó. Vai ser dedicado a eles. É muito pesado, mas, para quem tem Deus no coração, isso passa. Quem tem Deus no coração, acredita em Jesus Cristo, tudo se resolve – afirmou.
– Não tenho que focar na medalha, mas em fazer meu melhor. Sou o recordista brasileiro com 123 acertos em 125 e, se repetir isso aí, me coloco na final. Isso que luto para conseguir. É possível ganhar medalha. Acredito muito porque tenho Deus do meu lado. Na Olimpíada todos os adversários são fortes. Toda a Europa é forte, o americano é forte, não tem muito favorito. Tudo pode acontecer – finalizou.
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