Bolsonaro e Carlos integravam organização criminosa na Abin Paralela e definiam alvos de espionagem, diz Polícia Federal

Relatório final da PF aponta que ex-presidente e seu filho eram os principais beneficiários políticos do esquema na Abin.
Relatório final da Polícia Federal sobre a atuação clandestina na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro, integravam o núcleo estratégico da organização criminosa instalada no órgão durante o governo anterior.
Segundo o documento entregue ao Supremo Tribunal Federal, o grupo era composto por “figuras de alto escalão do governo à época, incluindo potencialmente o então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro e seu filho, Vereador Carlos Nantes Bolsonaro”.
A PF afirma que esse núcleo “foi o responsável por definir as diretrizes estratégicas da ORCRIM, determinar os alvos das ações clandestinas (opositores, instituições, sistema eleitoral) e se beneficiar politicamente das operações”.
Ainda de acordo com os investigadores, tratava-se do “centro decisório e o principal destinatário das ‘vantagens’ ilícitas (manutenção no poder, ataque a adversários)”.
Jair e Carlos Bolsonaro já foram indiciados pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento no esquema, que é investigado como parte de uma estrutura paralela de inteligência voltada a fins políticos e ilegais.
Alto potencial ofensivo
Segundo a Polícia Federal, uma organização criminosa de “alta potencialidade ofensiva” atuou a partir da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), empregando de forma clandestina recursos humanos, financeiros e tecnológicos da instituição para interesses próprios e ilegais.
De acordo com o relatório, as ações eram “controladas pelos altos gestores da ABIN”, que se valiam da hierarquia interna para evitar o envolvimento direto e mascaravam a operação com justificativas de legalidade.
A PF afirma que houve “uso reiterado de recursos humanos e materiais da Agência Brasileira de Inteligência para fins ilícitos, diversos das finalidades institucionais do órgão”. A apuração identificou a formação de uma “estrutura paralela de inteligência” integrada por policiais federais cedidos e oficiais de inteligência, que aderiram às práticas da organização criminosa.
Segundo os investigadores, o objetivo do grupo era a “manutenção no poder, inclusive pelo rompimento do Estado Democrático”.
Golpe de Estado
A Polícia Federal afirma ainda que as ações da organização criminosa instalada no governo Bolsonaro tiveram como desdobramento causal a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023. Segundo o relatório, a ORCRIM operava um “estratagema de vigilância ilegal e sistemática, produção e disseminação de desinformação, [e] blindagem dos integrantes do NÚCLEO POLÍTICO”.
De acordo com a PF, “as condutas criminosas realizadas pelos integrantes da ORCRIM, ainda, se apresentaram no desdobramento causal da tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito do dia 08/01/2023”.
O documento acrescenta que a organização atua de forma contínua e que os efeitos de suas ações incluem o embaraço a investigações judiciais, especialmente por meio de campanhas de desinformação contra o Supremo Tribunal Federal. “A ORCRIM ainda não foi completamente desnudada e os efeitos de suas ações são direcionadas ao embaraçamento das investigações quando direcionam campanhas de desinformação contra o E. STF em razão do cumprimento de seu dever institucional, inclusive valendo-se das mesmas metodologias aqui apresentadas, em especial o uso das redes sociais”, diz a PF.
Os investigadores apontam ainda que a atuação da organização se estende até hoje: “As ações da ORCRIM se estendem de forma perpétua, posto que sequer a identificação de parte de seus integrantes desde a CPI da COVID conseguiu reduzir sua potencialidade ofensiva.”
(Fonte: G1)
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