Câmara não entregou título a Abelardo da Hora
Quando o assunto é cultura, sempre vai aparecer alguém que dirá que cultura não dá voto. Essas afirmações nascem, sobretudo, de políticos limitados pela baixa escolaridade e seus puxa-sacos. Os exemplos estão aí às dezenas. O último deles, que chegou ao nosso conhecimento, veio de um assessor da própria Secretaria de Cultura do município.
Mas, preciso falar de nossa Câmara de Vereadores. Há bom tempo, na gestão passada, dois títulos de cidadãos surubinenses foram concedidos a duas expressões da cultura do nosso Estado. Um deles foi direcionado ao Ir. Eduardo D’ Amroim que tem serviços prestados à nossa cultura, atuando no Colégio Marista, um dos nomes prestigiados da Congregação e que, por circunstâncias muito especiais, encontra-se no Pio XII, em Surubim.
O outro, um personagem nacional, ícone das artes pernambucanas, símbolo da resistência à Ditadura, que é o escultor Abelardo da Hora. Todo o Estado integrou-se às comemorações dos 90 anos de Abelardo, e a nossa Casa Legislativa, quase como uma pirraça, talvez direcionada ao autor do projeto, manteve-se calada, indiferente.
Diante desse descaso, dirigimos um apelo ao Presidente da Câmara, Fabrício Brito, justamente ele que tem apoiado o Café Literário, mostrando-se sensível ao mundo das letras, poderia tomar outra iniciativa, promovendo uma sessão na Câmara, para honrar os compromissos assumidos anteriormente.
Mesmo depois da morte tê-lo surpreendido neste ano, quando as homenagens a sua vida e a sua obra não haviam se completado, ainda há tempo para entregar o título de Cidadão Surubinense a esse expoente máximo da nossa cultura, Abelardo da Hora. Sabemos que o filho do escultor se fará presente e trará a nossa cidade uma exposição dos trabalhos desse mestre das artes plásticas. Senhor Presidente, dirigimos-lhe um apelo, aproveite o momento, faça-o antes de terminar o ano, dentro das comemorações pelas nove décadas de vida de Abelardo da Hora; uma existência dedicada à arte e ao povo pernambucano.
Fundador e editor-chefe do Jornal Correio do Agreste, além de comentarista político, escritor, pecuarista e entusiasta cultural.