Copa injeta R$ 30 bilhões na economia, diz Fipe

(fonte: JC NET)

O crescimento do Brasil seria ainda mais fraco neste ano se o país não tivesse sediado a Copa do Mundo. Apesar do impacto do evento na economia ser considerado pequeno, a exemplo do que ocorreu em outros países, parte do setor de serviços e comércio viu, de forma pontual, a receita aumentar com o Mundial. A avaliação é de analistas, empresários e entidades de classe de 15 segmentos consultados. Com o evento esportivo, R$ 30 bilhões devem ser injetados na economia, segundo estimativa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para o governo. O valor equivale a cerca de 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. E está próximo daquilo que eventos de grande porte, como a Olimpíada, trouxeram de incremento à economia de países que sediaram esses torneios.

O cálculo da Fipe partiu do impacto econômico da Copa das Confederações, realizada há um ano em seis cidades, que acrescentou R$ 9,7 bilhões ao PIB. Considera efeitos diretos e indiretos do torneio, investimentos públicos e privados em infraestrutura, gastos de turistas e do comitê da Fifa. Para o banco Itaú, o torneio deve incrementar o PIB entre 1% e 1,5% – efeito que começou em 2011, com o início das obras, que geraram emprego e renda no país. O placar final do impacto na economia, ainda no campo das projeções de analistas, está próximo do que ocorreu em outros países que sediaram o evento desde 1982. Ao comparar o desempenho de nove países, Bráulio Borges, economista da LCA Consultores, concluiu que o PIB teve aceleração de um ponto percentual, em média, no ano da Copa e arrefecimento de 0,5 ponto percentual no ano seguinte. Para o levantamento, ele comparou o crescimento do PIB no ano anterior ao do torneio com a variação nos dois anos seguintes em oito Copas.

Carlos Puyol, Gisele Bündchen e a taça da Copa do Mundo | Foto: ilustração

Carlos Puyol, Gisele Bündchen e a taça da Copa do Mundo | Foto: ilustração

Isso ocorreu em sete países: Espanha, EUA, França, Coreia do Sul, Japão, Alemanha e África do Sul. Só não ocorreu no México e na Itália. A presidente Dilma Rousseff deve anunciar nos próximos dias o impacto final na economia. Pelos últimos dados, considera-se que as despesas com infraestrutura somem R$ 22,5 bilhões; as operacionais, R$ 1,2 bilhão; e os gastos de turistas, R$ 6 bilhões. Para o professor Wilson Rabahy, da Fipe, os números não devem ficar longe disso. Mas, diz, o que importa é o que virá após a Copa.

“As obras já feitas devem gerar novos investimentos em regiões como a do Itaquerão (zona leste de SP), a do Mineirão (BH) e ao redor do Maracanã (RJ)”. O destaque, segundo ele, é do setor de transporte terrestre e aéreo. O fato de o Brasil ainda ser uma economia “bastante fechada” amplia as possibilidades de ganhos com a maior integração com o exterior gerada pelo Mundial, avalia Caio Megale, economista do Itaú Unibanco. “Os efeitos positivos para o Brasil tendem a ser maiores do que para outros países mais integrados à economia global que já sediaram a Copa, como Alemanha e Japão.” A visibilidade que o país ganhou tem de se transformar em receita não pontual, mas ao longo prazo, diz o professor Mauro Rochlin, da FGV. “A Espanha conseguiu mudar o patamar de seu turismo após sediar a Olimpíada, em 1992. Passou de 10 milhões de turistas por ano para 20 milhões. Esse é o desafio que está posto ao Brasil.”

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