Curadorias dos blocos privados transformam o Desfile das Virgens de Surubim em evento de vaquejada
Dentro dos anseios carnavalescos, não há regra preestabelecida, com diretriz excludente. Pelo contrário, a pluralidade cultural é bem-vinda, pois agrega, possibilitando alternativas diversas para um público diverso.
A despeito disso, há sim a necessidade de acariciar o bom senso, para que o protagonismo seja direcionado àqueles (ritmos) que, historicamente, forjaram a consolidação da folia.
A mentalidade provinciana das curadorias, inseridas na maioria dos blocos privados do Desfile das Virgens, prezou em 2024 por uma descaracterização avassaladora. Desprezando totalmente o frevo (e o axé) e investindo no “mais do mesmo”. Ou seja, em (repetitivos) cantores e bandas de forró estilizado para comandar os trios elétricos – a julgar por Iguinho & Lulinha, Pedrinho Pegação e Cavaleiros.
Não é de hoje, seja nas apresentações no palco instalado no Pátio da Usina ou nos cortejos pela Avenida São Sebastião, a multicultura pernambucana é boicotada com frequência nas Virgens de Surubim. Perdendo espaço para artistas menos apropriados e à baderna sonora dos famigerados reboques e camarotes improvisados.
Tal deturpação mostra o quão estamos atrasados numa comparação, nas devidas proporções, com aquilo que é prioridade no Recife, em Olinda ou em Bezerros, quando o enfoque é Carnaval.
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