A via-crúcis do PT e a pá de cal que faltava

Lula assumindo a Casa Civil polariza o próprio partido e abre dois caminhos perigosos: uma possível tentativa de governabilidade na contramão da péssima administração de Dilma como forma de mascarar ou amenizar a crise interna – o que não acredito, pois já é tarde demais. É tarde porque a classe trabalhadora e até mesmo a esquerda revisionista/reformista já não acreditam mais em Lula. Isso deixa explícito o início do fim de seu populismo, que respirava por aparelhos. E o principal: o gozo do foro privilegiado. Lula é inteligente, macaco velho demais e articula como poucos. Mas foi egocêntrico. Enfraquece a base aliada, Dilma e deixa sua família (mulher e filho) sozinha aos olhos de Moro.

Tudo isso deixa bem claro outra questão: não existe oposição nesse país. Grande parte da direita encontra-se tão suja quanto o governo. O lado ruim da ausência de oposição é abrir caminho para a ascensão do extremismo. E Bolsonaro agradece, mesmo que ainda não seja suficiente. O adoecimento da saúde política é um triste marco para uma democracia tão jovem, além de uma bela sambada na cara do cidadão brasileiro.

Enfim, o PT foi bom enquanto teve interesse em ser bom. A ruptura de viés ideológico pela busca do poder e alianças duvidosas foi erro crasso. Se antes já não tinha mais argumento para defendê-lo, quem hoje ainda tem esperanças no partido eu recomendo: Síndrome de Estocolmo pode ser tratada com terapia.