Em dois anos, trabalho infantil aumentou 20% em Pernambuco
A questão econômica está muito presente na adultização que dialoga com o trabalho infantil trazendo sérias implicações. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE ) de 2013, mostra que o Brasil ainda possui 3,2 milhões de crianças e adolescentes trabalhando, meio milhão deles com idade de 5 a 13 anos. Em Pernambuco, de 2011 a 2013, a taxa de trabalho infantil cresceu 20%, ou mais 25 mil crianças e adolescentes “ocupados”, num total de 146 mil meninos e meninas. No estado, a taxa de ocupação, na faixa etária de 5 a 17 anos, passou de 5,7%, em 2011, para 7,3% em 2013, comprovando um real agravamento dessa violação à infância e à adolescência.
Ricardo Oliveira, coordenador executivo do Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec), enfatiza que a relação entre adultização e trabalho infantil além de clara, é histórica. “É algo muito sério e não é de hoje. Na época da escravidão, os senhores de engenho tratavam seus filhos como adultos em miniatura, formando-os para perpetuar uma situação de dominação, enquanto as crianças escravas eram colocadas na lavoura aos sete anos de idade”, lembra Ricardo, ressaltando que, hoje, adultos continuam repassando responsabilidades para as crianças.
“Você coloca a criança para trabalhar e, nesse processo, coloca a criança para conviver em espaços danosos ao seu processo de desenvolvimento, sem nenhuma relação pedagógica ou didática, numa atmosfera pesada, de competitividade, riscos. Elas vivem em um ambiente de alta-tensão e desenvolvem diversas patologias ligadas ao mundo do trabalho, afetando sua saúde psicológica, emocional, como algo muito dramático, danoso”.
Ressalte-se que não é difícil encontrar crianças musculosas por conta do excesso de peso que carregam, com peles desgastadas por conta das altas temperaturas que enfrentam nas praias, nos semáforos. Estresse físico que também se manifesta nos adolescentes que estão fora da vulnerabilidade social.
“Os jovens fazem estágio pela manhã, estudam à tarde e à noite fazem cursos. Exige-se uma ida mais cedo ao mercado de trabalho e, mesmo que na condição de aprendiz, eles realizam cursos para se aperfeiçoarem em busca de uma qualificação maior, levando a um desdobramento de esforço físico e mental muito grandes. É um grupo de adolescentes com sobrecarga de compromissos muito grande, que poderiam estar se descobrindo como pessoa, descobrindo a profissão de forma mais aprofundada para que lhe desse retorno mais pessoal que financeiro”.
(fonte: Diário de Pernambuco)
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