Marília Arraes: única a resistir a uma aliança com o PSB
O Partido dos Trabalhadores terá uma reunião, na próxima quinta-feira (31), para debater, entre outras pautas, a reintegração da legenda na base do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). O PT e o PSB foram adversários nas eleições municipais de 2012 e 2016, mas cogitam retomar a aliança histórica entre as duas siglas, uma decisão que ainda não é consenso. E o motivo é simples. A vitória de Marília Arraes para deputada federal abriu uma vaga para João da Costa assumir o mandato de vereador, a partir do dia 1º de fevereiro.
Contudo, Marília é contra a reaproximação do PT com o PSB, enquanto João da Costa é do grupo petista que defende exatamente o contrário. João da Costa, inclusive, é cotado para assumir um cargo no primeiro escalão de Geraldo Julio, mas o “sim” ao convite de voltar ao governo engessaria o projeto majoritário do PT para 2020. Parece longe, mas, na política, todos os movimentos são pensados com antecedência.
A deputada federal Marília Arraes é cotada para concorrer à Prefeitura do Recife em 2020, um projeto que praticamente se inviabiliza caso o PT se recomponha, no Recife, com Geraldo Julio. O prefeito não será mais candidato à reeleição, mas ele e o PSB avaliam a possibilidade de lançar o deputado federal eleito João Campos (PSB) como candidato à sucessão municipal. Outro nome cogitado para o cargo de prefeito é o de Felipe Carreras, também do PSB.
Segundo o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, representantes do partido se encontraram com Geraldo Julio na semana passada (na última quinta-feira), mas não há uma decisão tomada. De acordo com ele,o partido quer discutir a questão, pesar os prós e contras. Segundo o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, a eleição presidencial reconectou a legenda petista com o PSB, até porque o governador Paulo Câmara apoiou a candidatura de Fernando Haddad (PT), derrotado no segundo turno por Bolsonaro. “Foi uma aliança importante para o PT e para o PSB. Depois, no final dezembro, o governador procurou o senador Humberto Costa e Dilson Peixoto foi indicado (para a Secretaria de Agricultura). Houve um certo ruído, porque somos um partido democrático, mas Dilson é um nome histórico no PT”, declarou.
Bruno Ribeiro frisou que a abertura do diálogo com Geraldo Julio foi positiva e tal gesto será levado para ser discutido internamente no PT. “O quadro nacional do ano passado recomendou a unidade. Este ano, com a posse de Bolsonaro, vai ser muito importante o diálogo entre os partidos de centro-esquerda (…)”, frisou Bruno, destacando, contudo, que a decisão ainda será anunciada.
Indagado sobre os nomes cotados para integrar o primeiro escalão de Geraldo Julio, se era mais provável João da Costa ou Oscar Barreto, Bruno Ribeiro respondeu: “Possibilidades sempre existem, mas os nomes não estão sendo discutidos entre nós. João da Costa tem reiterado diversas vezes a disposição de assumir o mandato”, destacou.
Em reserva, outros avaliam ser necessário encontrar uma saída para Marília Arraes, única que vem mantendo o discurso de oposição ao PSB. A petista viajou nesta terça-feira para Brasília e não tem planos de se desfiliar do PT, nem externa que pretende concorrer à prefeitura. Ela foi a deputada federal do PT mais votada e uma das principais responsáveis em retomar o engajamento da militância com o partido.
A vitória de Marília permitiu que o ex-prefeito do Recife – João da Costa – pudesse assumir um cargo no Poder Legislativo. Se João da Costa for escolhido para o primeiro escalão de Geraldo, o vice-presidente estadual do PT, Oscar Barreto, assume o cargo de vereador da capital. Oscar também foi um dos petistas mais ativos na defesa da aliança do PT com o PSB em 2018.
No PT, ainda existe uma resistência ao PSB, mas são nomes sem mandato. Marília tem sido a única a se manter na oposição. O deputado federal eleito Carlos Veras (PT) começou a se aproximar e a deputada estadual Teresa Leitão está no mesmo caminho, fazendo a transição do bloco opositor para a base.
(fonte: Diario de Pernambuco)
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