Mortes de PMs e chacina de família de suspeito abrem crise na segurança pública do governo Raquel Lyra
Está aberta a crise do governo Raquel Lyra (PSDB) na segurança pública de Pernambuco. Oito pessoas assassinadas a tiros num intervalo de 15 horas no Grande Recife, sendo dois policiais militares em serviço e seis pessoas da família do homem que matou os PMs; uma transmissão ao vivo nas redes sociais do que parece ser uma execução sumária; o pronunciamento à imprensa da governadora e a abertura de investigação do Ministério Público estadual para apurar se a morte de familiares do suspeito de atirar contra os PMs foi uma chacina motivada por vingança. Este foi o noticiário que marcou a semana de estreia no cargo do atual secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho.
Na tarde de sexta-feira (15), no Palácio do Campo das Princesas, a governadora falou à imprensa por dois minutos, sem espaço para perguntas. “Vim aqui me pronunciar sobre os crimes que aconteceram nas últimas 24 horas. Em quatro desses episódios, infelizmente, oito vidas foram ceifadas em Pernambuco. A polícia está investigando cada uma delas como são: crimes bárbaros”, declarou, diante das câmeras. Raquel Lyra prestou solidariedade às famílias dos agentes mortos e anunciou que o Grupo de Operações Especiais (GOE) vai apurar as circunstâncias dos crimes.
Os oito assassinatos ocorreram entre a noite de quinta (14) e madrugada de sexta-feira (15). O soldado Eduardo Roque, 33 anos, e o cabo Rodolfo José da Silva, de 38, foram baleados por um homem com registro de CAC (colecionador, atirador e caçador). A autorização junto ao Exército foi obtida no período do governo Bolsonaro, que elevou o número de concessões de 117 mil em 2018 para 783 mil até o ano passado.
Os PMs foram atender a um chamado do 190 de perturbação do sossego no Córrego do Jacaré, no bairro de Tabatinga, em Camaragibe. Lá, ocorreu tiroteio e os agentes foram atingidos na cabeça por um homem identificado como Alex da Silva Barbosa, 33 anos. “De cima da escada, (ele) efetuou os disparos. E tiros precisos, atingiram a cabeça dos dois policiais”, contou Alessandro Carvalho, no pronunciamento que fez à imprensa em seguida à fala da governadora.
Foi o secretário quem informou que o suspeito de matar os dois agentes era CAC, sem antecedentes criminais ou inquérito em aberto. Após as mortes dos dois PMs, foi ostensiva a circulação de viaturas e policiais por Camaragibe, São Lourenço da Mata e Paudalho, inclusive de outros batalhões. Nas buscas, de acordo com a SDS, Alex teria morrido “em confronto” com policiais.
O próprio secretário estabeleceu a ligação entre os crimes e assegurou que nenhuma linha de investigação será desconsiderada: “Nós não temos como descartar nenhuma hipótese. O que sabemos é que dois policiais foram assassinados ao atender uma ocorrência e, depois disso, cinco pessoas ligadas ao suspeito foram mortas em menos de 12 horas. Existe uma correlação entre os fatos e é isso o que nós vamos investigar”.
O soldado e o cabo eram lotados no 20º Batalhão da PM. Foram sepultados no cemitério de São Lourenço da Mata, em meio à comoção e dor da família, amigos e colegas de farda. Eduardo Roque tinha seis anos na PM, era casado e pai de duas filhas. Rodolfo José da Silva estava há oito anos na corporação, tinha esposa e filha.
Texto: Jorge Cavalcanti (Marco Zero)
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