“Não cometi crime algum”, afirma Aécio na volta ao Senado
(fonte: Carta Capital)
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Ao retornar ao Senado após o Supremo Tribunal Federal (STF) devolver seu mandato, o senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, afirmou nesta terça-feira 4 sua inocência e disse ter sido vítima de uma “armadilha” montada pelo empresário Joesley Batista, da J&F, cuja delação premiada fez o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir a prisão do senador.
“Não cometi crime algum. Não aceitei recurso de origem ilícita. Não ofereci ou prometi vantagens indevidas a quem quer que fosse e tão pouco atuei para obstruir a atuação da Justiça como me acusaram”, afirmou Aécio. Sem citar Joesley, o tucano disse que foi “vítima de uma armadilha, engendrada e executada por um criminoso confesso de mais de 200 crimes”.
Aécio admitiu que procurou Joesley, mas por motivos pessoais. “Por meio de minha irmã, reitero, ofereci a ele a compra de um apartamento de propriedade de minha família”, disse. “Essa venda, sim, me ajudaria a arcar com as novas despesas que passei a ter com advogados”, afirmou. Segundo Aécio, ele precisa se desfazer de parte do patrimônio de sua família porque não obteve “jamais, em tempo algum, vantagens financeiras através da política”.
Ainda segundo o senador tucano, os dois milhões de reais que pediu a Joesley seriam um empréstimo, que não envolveu dinheiro público ou contrapartidas, e que seria quitado. Aécio também se defendeu da acusação de obstrução da justiça e disse que, ao debater os projetos de lei que tratavam sobre criminalização do caixa 2 e da ampliação do crime de abuso de autoridade, estava apenas dando a “legítima opinião de um parlamentar no livre exercício de seu mandato”. Aécio também afirmou que, ao criticar a atuação do Ministério da Justiça, estava apenas criticando o “funcionamento do governo”.
Na maior parte do tempo, Aécio se concentrou na argumentação do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu sua soltura na semana passada. No fim de sua fala, que inicialmente foi acompanhada por apenas dez senadores, uma vez que a oposição decidiu boicotá-lo, Aécio afirmou novamente que foi injustiçado. “Fui condenado previamente sem nenhum direito de defesa, tentaram execrar-me”, afirmou.
O fim do discurso de Aécio foi acompanhado de uma tímida e constrangida salva de palmas por parte dos senadores que acompanhavam a fala. Segundo a Procuradoria-Geral da República, os dois milhões de reais pedido por Aécio a Joesley eram propina. Além disso, afirma a PGR, Aécio tinha um plano para melar a Operação Lava Jato, que incluía não apenas as discussões legislativas, mas interferência direta na Polícia Federal.
De acordo com Rodrigo Janot, Aécio teria tentado organizar uma forma de impedir que as investigações avançassem por meio da escolha dos delegados que conduziriam os inquéritos, plano que não foi colocado em prática no que seria um acordo envolvendo o próprio Aécio, Temer e o ministério da Justiça.
“O que vai acontecer agora, vai vir inquérito sobre uma porrada de gente, caralho, eles aqui são tão bunda mole, que eles não notaram o cara que vai distribuir os inquéritos para os delegados, você tem lá, sei lá, tem dois mil delegados na Polícia Federal, aí tem que escolher dez caras. O do Moreira, o que interessa a ele, sei lá, vai pro João. O do Aécio vai pro Zé. O outro filho da puta vai pro, foda-se, vai para o Marculino, nem isso conseguiram terminar, eu, o Alexandre e o Michel”, afirmou Aécio na conversa com Joesley.
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