O que está acontecendo com a Polícia Civil no agreste

Texto por: Luiz Bernardo de Moraes (Delegado titular em Toritama)

Os policiais civis estão insatisfeitos com as condições de trabalho, com o salário e com a excessiva carga horária. Diante disso, pleitearam junto ao governo as adequações necessárias para a melhoria da categoria, entretanto não obtiveram êxito em nenhum dos pleitos. Apesar de haver dentro da Polícia Civil duas entidades representativas, isto é, o SINPOL (Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco) e a ADEPPE (Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado de Pernambuco), ambas resolveram unificar as ações para fortalecer a mobilização.

O movimento consiste em recusar toda e qualquer escala de hora extra, conhecida como PJES (Programa de Jornada Extra de Segurança), pois é através dele que a segurança pública é mantida no Estado. Em regra, os policiais civis trabalham das 8h da manhã até às 18h, e após este horário as ocorrências dever ser apresentadas na Delegacia de Plantão.

Agente da Polícia Civil | Foto: Ilustração

Agente da Polícia Civil | Foto: Ilustração

Ocorre que a única Delegacia de Plantão criada por lei no Agreste é a da cidade de Caruaru, onde agentes, escrivães e delegados trabalham em escalas fixas. As demais Delegacias de Plantão, tais como Santa Cruz do Capibaribe, Belo Jardim, Garanhuns e outras, funcionam em regime de hora extra. Ou seja, policiais que trabalham durante o expediente e prolongam a jornada de trabalho.

Todo esse esforço aumenta R$180,00 no salário dos agentes e escrivães e R$270,00 nos dos delegados. No entanto, com a recusa da grande maioria de policiais em vender suas respectivas folgas (desde o mês de julho), quase a totalidade dos plantões de PJES foram desativados no Agreste e as ocorrências de aproximadamente 90% das cidades passaram a ser encaminhadas ao Plantão de Caruaru, sobrecarregando o Delegado plantonista e sua equipe e atrasando em até 12 horas algumas ocorrências.

A solução foi preencher os plantões que funcionavam com o PJES, retirando os policiais das delegacias municipais e lotando no regime de plantão, esvaziando grande parte das delegacias e parando investigações. Com isso, os índices de violência aumentaram e, o que é pior, os crimes ficaram sem investigação. O sindicato e a associação decidiram em suas respectivas Assembleias Gerais manter a recusa do PJES por tempo indeterminado e, com isso, tal situação está longe de acabar. A solução é, e sempre será, o diálogo e é isso que a categoria espera do governo.

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