Os Surubinenses: Seu Renato
OS SURUBINENSES ///
Sozinho, vendendo os calçados restantes da sua antiga loja, observa da garagem de casa a vida e as pessoas passarem. Os últimos meses não foram fáceis. Quem aparece logo se vai, após diálogos protocolares sem tanto apego. E quem realmente se foi não volta mais. Sua mulher faleceu, deixando lacunas e ecos. Problemas consequentes de saúde levaram-na. Memórias e histórias ficaram.
Porém, diante da perda indelével, esbanja lucidez aos 91 anos. A invejável longevidade é seu trunfo. Não deveria, mas trabalha. Definitivamente não deveria, mas dirige. O que lhe move é o que lhe tira da inércia. Cercado por netos solícitos e amorosos. Busca ludibriar a mente, esquecendo que seus filhos são às vezes ingratos. Ah, a velhice e as oscilações emocionais.
O processo inevitável da partida, parte qualquer um. Até mesmo quem se apresenta durão como o morador da Rua João Batista, Seu Renato. Contudo, ele ainda sorri, brinca e segue. Enquanto houver ar, há motivos pra caminhar. Por desejos de novos ensejos. Ou pelo brio da vida, simplesmente!
A comunicação me fascina. Gosto de relatar, informar e opinar. Portanto, pus no ar um site pra expor minha terra de uma maneira dinâmica, sob o meu prisma e o de outros autores.