Panelaços em capitais expõem desgaste de Bolsonaro após crise do coronavírus

RIO — O presidente Jair Bolsonaro assistiu a um aprofundamento de seu desgaste nas ruas de várias capitais do país na quarta-feira, com três panelaços contra o seu governo e um a favor — convocado pelo próprio presidente em entrevista coletiva à tarde, numa tentativa de se contrapor ao chamado feito pelas redes sociais por críticos de sua gestão. As reações negativas já eram maioria no mundo virtual desde o início da semana. Um levantamento da startup de tecnologia Arquimedes apontou mais de 80% de menções negativas a Bolsonaro em publicações no Twitter, na segunda e na terça-feira, em postagens que tinham o Covid-19 como assunto.
 
Panelaços contra Bolsonaro foram registrados no Rio, Niterói (RJ), São Paulo, Santos (SP), Brasília, Salvador, Goiânia, Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba. No Rio, houve protestos nas Zonas Sul, Norte e Oeste, além do Centro. Em São Paulo, panelaços foram ouvidos em vários pontos da periferia e de bairros nobres, como Pinheiros, Jardins, Consolação, Bela Vista, Vila Romana e Sumaré. O protesto na capital paulista durou cerca de 40 minutos. Além do barulho de panelas, as críticas ao presidente apareceram também através de projeções feitas em prédios e em gritos de “fora, Bolsonaro!” e “miliciano”. Apesar de convocado inicialmente para as 20h30, uma hora antes já havia panelas sendo batidas. Já a manifestação a favor de Bolsonaro estava marcada para as 21h e teve gritos de “mito”, apesar de mais tímida.
 
Para cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO, o fato de os panelaços não terem se restringido a um único horário indica um movimento espontâneo. Em entrevista coletiva ontem à tarde, Bolsonaro também reconheceu a espontaneidade do movimento, mas fez críticas a adversários e reforçou o convite para que seus apoiadores se manifestassem às 21h.
 
(fonte: O Globo)

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