Secretaria Estadual de Saúde diz que não identificou Zika vírus em Pernambuco
(fonte: Diário de Pernambuco)
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgou, na manhã desta quinta-feira, uma nota oficial sobre a virose atípica que vem sendo registrada em Pernambuco. Segundo o documento, até o momento não foi diagnosticado nenhum caso de Zika vírus no estado e a maioria dos testes realizados resultou em positivo da para dengue.
A pasta informou ainda que os resultados negativos para dengue estão sendo testados para chikungunya, rubéola, sarampo e zika vírus e que nenhuma destas doenças teriam sido diagnosticadas no estado. Também de acordo com a SES, as amostras negativas estão sendo enviadas para novas análises no Instituto Evandro Chagas, no Pará, e para o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fiocruz/PE, referências em vigilância epidemiológica, que também não teriam confirmado outras enfermidades além da dengue.
A secretaria acrescentou que está realizando um estudo para entender essa virose atípica e criou uma comissão para analisar e monitorar os casos. O resultado dos trabalhos deve ser divulgado até o final de junho. Para o tratamento, a orientação aos pacientes é hidratação constante, cuidados e atenção, já que a dengue pode levar à morte.
Bahia – Já na Bahia, pesquisadores da Universidade Federal (UFBA) estudaram alguns pacientes naquele estado e concluíram que se tratam de casos de Zika Vírus – enfermidade que pode ter começado a circular no país através de turistas, durante a Copa do Mundo. Consultado pela reportagem do Diario, o infectologista do Hospital Osvaldo Cruz Luciano Arraes ressaltou que nenhum estudo semelhante foi conduzido em Pernambuco, mas disse que é possível que o cenário seja o mesmo do baiano.
Cauteloso, Luciano Arraes ressaltou que como o estudo foi realizado em uma população diferente, não é possível garantir que a conclusão possa ser aplicada em Pernambuco. “No entanto, é uma possibilidade. No Ceará, eles estão investigando a mesma hipótese. Mas pelos sintomas descritos pelos pacientes daqui, podemos estar lidando com casos de Zika vírus sim”, admitiu.
O médico também considerou plausível a ideia de que o vírus tenha entrado no Brasil durante a Copa do Mundo. “Não há registro da circulação desse vírus por aqui, mas já sabíamos que existia a possibilidade de que os turistas trouxessem variações de doenças para o nosso território”, descreveu. “Para minimizar essa chance, mantivemos um estado de alerta antes, durante e depois da Copa. Mas o pós durou cerca de 30 dias e esse período pode não ter sido suficiente”, acrescentou.
O infectologista lembrou ainda que como o zika vírus tem, entre outros, o Aedes aegypti como vetor, não seria de se estranhar que a nova doença passasse a circular rapidamente entre a população local. Arraes, entretanto, lembrou que a principal preocupação do poder público continua sendo a epidemia de dengue. “O zika vírus tem o quadro auto-limitado. Ou seja, tem começo, meio e fim. Em média, entre três e cinco dias o paciente já ficou bom e sem sequelas”, pontuou.
Por fim, Arraes voltou a orientar a população quanto ao procedimento que deve ser adotado quando houver suspeita de contágio. “Se aparecerem só as manchas no corpo, pode aguardar entre 24h e 48h para saber como a doença vai evoluir. Se vier acompanhada de febre, é importante que o paciente procure uma unidade de saúde rapidamente.”
Zika vírus
O Zika vírus foi isolado pela primeira vez no fim da década de 1940, através de estudos realizados em macacos rhesus que habitavam a floresta de Zika, na Uganda. O primeiro caso bem documentado em um humano data de 1964, com os mesmos sintomas observados atualmente: exantemas (manchas na pele), febre e dor no corpo. O primeiro surto da doença observado fora dos continentes da Ásia e da África foi registrado em 2007, na Oceania. Hoje, se sabe que mosquitos da família aedes (aegypti, africanus, apicoargenteus, furcifer, luteocephalus e vitattus) são os principais vetores da doença, que, de acordo com um único caso documentado em 2008, também pode ser transmitida sexualmente entre os humanos.
Confira a nota da SES na íntegra:
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) esclarece que vem acompanhando e monitorando os casos de viroses atípicas (manchas avermelhadas na pele acompanhadas ou não de outros sintomas) que estão ocorrendo em todo o Estado. A maioria tem positivado para dengue. Quando há resultados negativos, testes para outras doenças são realizados, como chikungunya, rubéola, sarampo e zika vírus. Até o momento, nenhuma dessas enfermidades foi diagnosticada em Pernambuco.
Mesmo assim, as amostras negativas são enviadas para novas análises no Instituto Evandro Chagas, no Pará, e no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fiocruz/PE, referências em vigilância epidemiológica. Ainda assim, não houve confirmação de nenhuma outra doença além da dengue.
É importante frisar que a SES está realizando um estudo para entender essa virose atípica. Uma comissão foi criada especificamente para fazer a análise e monitoramento dos casos. O resultado desse trabalho ficará pronto até o final de junho. Por fim, a SES ressalta a importância de tratar os casos atípicos como dengue, orientando os pacientes, principalmente, sobre a necessidade de hidratação constante. Além disso, dentre as viroses, a dengue requer mais cuidados e atenção, já que é uma enfermidade que pode levar ao agravamento do quadro e, consequentemente, ao óbito.
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