SPC afirma que inadimplência brasileira chega a 40%
Quatro em cada dez brasileiros estão com o nome sujo na praça. O alerta veio do Serviço de Proteção do Crédito (SPC) Brasil. De março para abril deste ano, cerca de 600 mil consumidores foram incluídos na lista de devedores negativados. De acordo com o órgão, houve um aumento de 5,02% no número de inadimplentes em relação ao mês de abril de 2014 e uma alta de 2,83% em relação ao último mês de março, o maior crescimento para o mês de abril desde o começo da série histórica, em 2010. O aumento da inflação e das taxas de juros, aliados ao crescimento nos índices de emprego, estão entre os fatores que têm empurrado os brasileiros às dívidas não quitadas.
Com a inclusão de 600 mil brasileiros no SPC, somam 55,3 milhões de devedores com nome sujo na praça, o que equivale a 37,9% da população. Só no Nordeste, são 15 milhões de inadimplentes, que corresponde a um percentual de 38,7% da população. Só perde para a Região Norte, onde quase a metade das pessoas (45,3%) encontram-se negativados no Serviço de Proteção ao Crédito. Ainda de acordo com os indicadores do órgão, 60% dos inadimplentes são mulheres e 35% dos devedores encontram-se na faixa etária entre 35 anos e 49 anos.
“O perfil do brasileiro é consumista e a disponibilidade de crédito no mercado, nos últimos quatro anos, tem contribuído para aumentar o número de inadimplentes. Mas sem dúvidas a crise está batendo com força no mercado de trabalho e nas vendas. O desdobramento disso recai nos indicadores de inadimplência”, avalia o economista Marcelo Barros.
Ele acrescenta que a inflação também tem um grande impacto na capacidade dos consumidores de honrar seus compromissos. “As pessoas estão gastando mais com alimentação e transporte. O que acontece? Elas deixam de pagar as outras contas porque não vão deixar de comer nem de se locomover”, diz o economista.
Segundo os dados da SPC Brasil, o não pagamento das contas referentes ao setor de comunicação (internet e telefone) lidera entre os segmentos com dívidas atrasadas em abril. O setor apresentou um aumento de 12,1% do total de dívidas. A segunda maior variação, que vinha sendo registrada pelo segmento de água e luz, foi substituída pelo setor de bancos, cuja variação anual foi de 7,53%.
O comércio, por sua vez, recuou 0,32%.
“Esses números já eram esperados, até pela alta taxa de juros, que tem um peso grande nas parcelas, corrigidas diariamente. Quando a economia está em recessão, os brasileiros têm que fazer maior esforço para pagar em dia. A renda é a mesma e as pessoas inevitavelmente estão gastando mais e priorizando as despesas essenciais. É compreensível o aumento desses indicadores”, analisa o economista Marcelo Barros.
(fonte: Diário de Pernambuco)
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